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2025

Onde e como investir para ter juros compostos em Portugal?

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“Os juros compostos são a oitava maravilha do mundo. Quem entende, ganha; quem não entende, paga."

    Albert Einstein

Temos recebidos vários e-mails com a pergunta “Como investir em juros compostos?”, de pessoas que perceberam o seu impacto na nossa calculadora de juros compostos

Na nossa interpretação, esta questão dá a entender que parte dos nossos leitores acredita que juros compostos são um produto financeiro, o que não é verdade.

Os juros compostos são um conceito financeiro, mais precisamente, uma forma de crescimento exponencial do capital ao longo do tempo, que pode ser obtido através do investimento em ativos pouco arriscados (como certificados de aforro) até ativos mais arriscados (obrigações, ações, imobiliário,...). Este fenómeno é também conhecido como capitalização de juros.

Neste artigo, explicaremos de que forma é que os juros compostos funcionam e como podes aproveitá-los da melhor maneira na construção da tua carteira de investimentos.

Então, o que são juros compostos?

Ao contrário dos juros simples, onde o rendimento incide apenas sobre o capital inicial, nos juros compostos os rendimentos de cada período são reinvestidos, gerando novos rendimentos sobre eles próprios. Este efeito de crescimento em “bola de neve” faz com que o capital cresça a um ritmo acelerado ao longo do tempo.

Fonte: https://jv-matematica.pinheirasc.com/

Para beneficiar de juros compostos, podes investir em vários instrumentos, como:

  • Fundos de investimento;
  • Imobiliário;
  • Ações;
  • PPRs;
  • Certificados de Aforro;
  • Depósitos a prazo;
  • Obrigações;
  • ETFs de acumulação.

Exemplo prático: Certificados de Aforro

Os Certificados de Aforro, um produto de poupança do Estado português, são um ótimo exemplo prático da aplicação de capitalização de juros. Vamos comparar o rendimento com juros simples e juros compostos:

  • Capital inicial: 1.000€
  • Taxa de juro anual: 3%
  • Duração: 5 anos

Com juros simples:

  • 3% de 1.000€ = 30€ por ano
  • 30€ × 5 anos = 150€ de rendimento total

Com juros compostos (capitalização anual*):

  • Ano 1: 1.000€ × 1,03 = 1.030€
  • Ano 2: 1.030€ × 1,03 = 1.060,90€
  • Ano 3: 1.060,90€ × 1,03 = 1.092,73€
  • Ano 4: 1.092,73€ × 1,03 = 1.125,51€
  • Ano 5: 1.125,51€ × 1,03 = 1.159,28€

Rendimento total com capitalização de juros: 159,28€

Ou seja, o mesmo juro de 3% gera mais rendimento ao longo do tempo quando os juros são reinvestidos (159,28€ vs 150€).

*Na realidade, os Certificados de Aforro têm uma capitalização trimestral e não anual, como podes ver aqui:

Contudo, consideramos que uma representação anual seria mais facilmente percetível pelos nossos leitores. Por curiosidade, se fizéssemos as contas usando uma capitalização trimestral, o valor final seria de 161,60€, ligeiramente acima dos 159,28€.

Como aplicar o conceito de juros compostos noutras classes de ativos?

Embora os Certificados de Aforro sejam um exemplo direto, o conceito de juros compostos pode ser aplicado a outras classes de ativos (ações, obrigações, imobiliário,...), desde que exista reinvestimento dos rendimentos.

1. Ações: Reinvestimento de dividendos

Ao investir em ações que pagam dividendos, é possível potenciar o efeito dos juros compostos através do reinvestimento desses dividendos na compra de mais ações. Isto gera mais dividendos no futuro, que por sua vez são reinvestidos, criando um ciclo de crescimento exponencial.

Por exemplo, se investires numa empresa sólida que paga dividendos todos os anos e reinvestires esse valor, ao fim de vários anos poderás ter um crescimento significativo do teu portefólio, mesmo sem realizar novos reforços.

2. Obrigações: Reinvestimento dos juros (cupões)

Nas obrigações, o conceito funciona de forma semelhante. Ao invés de “gastar” os juros periódicos (cupões) recebidos, o investidor pode optar por reinvesti-los, seja em novas obrigações ou noutros ativos. Isto também gera o efeito de capitalização.

ETFs: Acumulativos vs distributivos

Uma forma muito prática de beneficiar automaticamente dos juros compostos é através de ETFs (fundos negociados em bolsa), especialmente os ETFs acumulativos.

ETFs acumulativos

Nestes fundos, os dividendos ou juros das ações ou obrigações, respetivamente, que compõem o ETF são reinvestidos internamente no próprio fundo. O investidor não recebe os dividendos na sua corretora, mas esse montante é refletido num maior valor da cotação do ETF.

Resultado: crescimento composto do capital ao longo do tempo, sem intervenção do investidor.

ETFs distributivos

Neste tipo de ETFs, os dividendos são distribuídos diretamente ao investidor, ou seja, recebes diretamente na conta da tua corretora. Esta situação leva aquilo a que chamamos de “evento fiscal”. 

Vamos a um exemplo: Se receberes 10€ de dividendos na tua conta, isso é rendimento que terá de ser declarado e, como consequência, terás de pagar imposto sobre o mesmo. Este tipo de rendimento está sujeito a uma taxa de liberatória de 28%. Na prática, recebes 10€, mas ficas apenas com 7,20€. Já num ETF de acumulação, esses mesmos 10€ não são tributados.

Resultado: o efeito composto só acontece se houver reinvestimento voluntário por parte do investidor (investir os 7,20€).

Novo exemplo: o mesmo ETF, mas versão acumulação vs distribuição

Para percebermos melhor esta dinâmica, nada melhor que uma representação gráfica. Em baixo, comparamos duas versões do mesmo ETF: o iShares Core S&P 500 UCITS ETF que, como o nome indica, replica o comportamento do índice de ações americano S&P 500. Ora, aqui estão as duas versões:

  • O SXR8 representa a versão de acumulação (linha azul);
  • O IUSA representa a versão de distribuição (linha roxa).

Como vês, o SXR8 vai-se afastando gradualmente do IUSA devido ao efeito de acumulação. Se observássemos o retorno total (ao invés do retorno de preço), que inclui os dividendos, juros ou outros rendimentos recebidos, os gráficos estariam alinhados (pressupondo que os rendimentos seriam reinvestidos na totalidade - não considerando impostos ou outros custos).

Contudo, como explicado em cima, em Portugal, é fiscalmente ineficiente investir em ETFs de distribuição pela tributação do rendimento recebido, o que não acontece num ETF de acumulação. 

Ao contrário dos ETFs distributivos, que pagam os rendimentos diretamente para ti (ficando logo sujeito a pagamento de imposto), os acumulativos usam esses rendimentos para comprar mais ações no próprio ETF, adiando a tributação para o momento que decidires vender o ETF (caso existam ganhos realizáveis).

Tempo + reinvestimento = Potência dos juros compostos

O verdadeiro poder dos juros compostos está no tempo. Quanto mais cedo começares e mais consistente fores no reinvestimento dos rendimentos, maior será o crescimento do teu capital.

Vamos a um novo exemplo: 

  • Investidor A começa a investir 2.000€/ano aos 25 anos.
  • Investidor B faz o mesmo, mas começa apenas aos 35 anos.
  • Pressuposto de rentabilidade anual: 7%.

Aqui está o gráfico comparativo entre dois investidores:

Apesar de ambos investirem o mesmo valor anualmente, o Investidor A termina com muito mais capital (459.264€ vs 218.436€), simplesmente porque começou 10 anos mais cedo a investir. Esse tempo adicional permitiu que os juros compostos fizessem o seu trabalho. Este é o verdadeiro poder do tempo + reinvestimento! 

Conclusão

Investir em “juros compostos” não significa escolher um produto financeiro específico, mas sim adotar uma estratégia de investimento consistente ao longo do tempo. O “truque” está em reinvestir os rendimentos gerados pelos teus ativos, sejam eles certificados de aforro, ações, obrigações ou ETFs, e dar tempo ao tempo para que o efeito de capitalização possa fazer o seu trabalho.

Quanto mais cedo começares e mais disciplinado fores no reinvestimento, maior será o impacto no crescimento do teu património. Seja através de produtos simples e seguros ou investimentos mais sofisticados, os juros compostos podem ser os teus maiores aliados na construção de liberdade financeira.

Lembra-te: não é necessário muito dinheiro para começar, mas sim visão de longo prazo e consistência.

Autor
O Franklin é licenciado em Economia e mestre em Finanças. Concluiu o nível II do CFA e conta com cerca de três anos de experiência em gestão de patrimónios, como analista de carteiras e fundos de investimento na Golden Wealth Management. Criou o canal de YouTube "Edge Over Hedge" sobre literacia financeira. É o nosso Warren Buffett português – embora mais jovem.