Guia introdutório à Literacia Financeira

“As melhores decisões financeiras nascem do conhecimento.”
Literacia Financeira
Literacia financeira é uma das disciplinas mais importantes e que mais impacto pode ter na tua vida, mas, infelizmente, é algo que raramente nos ensinam nas escolas.
Este guia foi pensado para te ajudar a dar os primeiros passos rumo a uma gestão financeira mais consciente, de forma prática e adaptada à realidade portuguesa.
Lê, aplica e começa a transformar as tuas finanças hoje mesmo.
1. O que é literacia financeira?
Literacia financeira é a capacidade que cada um de nós tem para tomar decisões informadas no que diz respeito à gestão do seu dinheiro. Para tal, é fundamental compreenderes e aplicares de forma eficaz diversas capacidades financeiras, como a gestão do orçamento pessoal, a definição de objetivos, a escolha criteriosa de produtos de poupança e investimento, bem como, o entendimento das implicações fiscais e do nível de risco dos diversos instrumentos financeiros.
2. Por onde começar?
Criar um orçamento
O primeiro passo para melhorares as tuas finanças é teres uma visão clara e realista de como o teu dinheiro é utilizado todos os meses. Um orçamento bem estruturado ajuda-te a identificar quanto recebes, onde gastas e onde podes ajustar as tuas despesas. Desta forma, vais poder libertar capital para objetivos específicos, como a constituição de um fundo de emergência ou o início de um investimento.
Como fazer:
- Faz uma lista de todas as tuas fontes de rendimento: Incluí tudo o que entra mensalmente, como salário líquido (após impostos e Segurança Social), rendimentos de trabalhos extra, pensões ou qualquer outra fonte.
- Regista todas as despesas: Divide as despesas em categorias para uma visão mais organizada:
- Fixas: Habitação (renda ou prestação da casa), serviços essenciais (água, luz, gás, internet), seguros.
- Variáveis: Alimentação, transportes, saúde, vestuário, lazer, compras por impulso.
- Usa ferramentas e apps de gestão: Podes começar com folhas de cálculo como o Excel ou o Google Sheets, mas se preferires algo mais automatizado, existem várias aplicações disponíveis em Portugal que facilitam o controlo diário das tuas finanças:
- Boonzi: Ferramenta portuguesa prática que sincroniza contas bancárias e analisa o teu orçamento ao detalhe.
- YNAB (You Need A Budget): Ajuda-te a atribuir um propósito a cada euro e a criar um orçamento sustentável.
- Monefy: Simples e intuitiva para registar despesas diárias.
- Toshl: Oferece gráficos apelativos e lembretes para os teus pagamentos.
- Money Lover: Permite-te definir metas de poupança e acompanhar o progresso.
- Spending Tracker: Minimalista e direto, ajuda-te a registar gastos em poucos segundos.
Exemplo prático (Orçamento da Ana, salário líquido mensal: 1.600€):
Após cobrir todas as despesas mensais, a Ana tem 300€ disponíveis. Esta margem é um bom ponto de partida para criar uma poupança, seja para o fundo de emergência, seja para outros objetivos financeiros.
Importância de um fundo de emergência
O fundo de emergência é uma reserva financeira para cobrir gastos inesperados (doenças, desemprego, reparações urgentes).
Normalmente, o fundo de emergência é o dinheiro que colocas em investimentos de baixo risco e capital garantido, facilmente mobilizáveis, como contas poupança que gerem juros, contas à ordem, etc.
Além de dar mais segurança, evita que recorras a créditos dispendiosos ou vendas apressadas dos teus investimentos de longo prazo.
Quanto tempo é necessário para o meu fundo de emergência?
Não há fórmula universal. Nos EUA, em geral, é recomendado pelo menos 6 meses de despesas - mas este valor não deve ser usado “cegamente”. Isto é um conceito importado da América, que tem uma realidade diferente da Portuguesa.
Em Portugal, devido a subsídios de desemprego e saúde pública acessível (ambos inexistentes na América), alguns preferem uma reserva mais baixa, para não imobilizar demasiado dinheiro em aplicações pouco rentáveis.
Em última análise, deves escolher o valor que te deixe confortável. Podes optar por ter, por exemplo, 3 a 6 meses de despesas num produto seguro e acessível, e o restante investir para o longo prazo. Caso algo de maior gravidade aconteça, podes sempre optar por vender parte dos teus investimentos de longo prazo para fazer face a uma despesa inesperada
O mais importante é definires um valor que te dê tranquilidade, sem ser tão elevado que te impeça de atingir os teus outros objetivos financeiros.
Identificar as despesas essenciais
Num cenário de emergência, não manterás o mesmo nível de despesas. Podes cortar em lazer, vestuário não essencial e compras impulsivas. Assim, do orçamento mensal de 1.300€ da Ana, vamos distinguir as despesas realmente imprescindíveis.
Exemplo de despesas essenciais (Ana, em situação de emergência):
- Habitação: 500€
- Serviços essenciais (água, luz, net, etc.): 120€
- Alimentação: 300€
- Transportes: 100€
- Saúde: 70€
- Vestuário mínimo: 20€
(Suponhamos que nestas circunstâncias a Ana reduz gastos em vestuário de 50€ para 20€, corta o lazer de 100€ para 0€ e as compras impulsivas de 60€ para 0€).
Total Essencial:
500€ (Habitação) + 120€ (Serviços) + 300€ (Alimentação) + 100€ (Transportes) + 70€ (Saúde) + 20€ (Vestuário mínimo) = 1.110€ por mês.
Se o objetivo for ter um fundo de emergência para 6 meses:
1.110€ x 6 = 6.660€
Com a poupança de 360€/mês (após os ajustes no orçamento), a Ana necessita de cerca de 18,5 meses para chegar aos 6.660€ (6.660€ / 360€ ≈ 18,5 meses).
Tabela de exemplo (Cenário da Ana):
Onde devo aplicar o meu fundo de emergência?
O fundo de emergência deve estar num local seguro, com liquidez elevada e risco reduzido. Em Portugal, tens várias opções:
- Depósitos a Prazo: Contas bancárias com taxa de juro fixa por um período determinado. Têm capital garantido e são abrangidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos (até 100.000€ por depositante e instituição). Consulta aqui os melhores depósitos a prazo.
- Certificados de Aforro: Produtos de poupança emitidos pelo Estado português, com capital garantido. A taxa de juro é revista trimestralmente e podes resgatar a qualquer momento após os primeiros três meses. Oferecem um bom equilíbrio entre segurança e flexibilidade.
- Certificados do Tesouro: Também emitidos pelo Estado português, com taxas de juro crescentes ao longo dos anos. São adequados para horizontes um pouco mais longos, mantendo um elevado nível de segurança.
- Fundos de Mercado Monetário: Investem em instrumentos de dívida de curto prazo. Têm volatilidade muito reduzida, embora não haja garantia do Estado. São úteis se quiseres alguma diversificação e potencialmente maior liquidez.
- Contas em corretoras com juros sobre dinheiro não investido: Algumas corretoras oferecem juros sobre o dinheiro parado na conta. Esta solução pode ser prática se já utilizas uma corretora, mas deves garantir que a instituição é sólida e compreender os termos e condições.
3. Reduzir dívidas
Após teres definido um orçamento sólido e começares a construir o teu fundo de emergência, um próximo passo crucial para a tua estabilidade financeira é abordar o tema das dívidas. Dívidas com juros elevados, como cartões de crédito ou créditos pessoais, podem absorver uma fatia considerável do teu rendimento e dificultar a concretização dos teus objetivos. Reduzir ou eliminar estas dívidas é, na prática, um investimento com retorno garantido: cada euro que deixas de pagar em juros é um euro que poupas.
Quando é que a dívida pode ser útil?
Nem todas as dívidas são necessariamente negativas. O crédito habitação, por exemplo, pode fazer sentido, não só porque a maioria das pessoas não tem dinheiro para uma compra a pronto, como também estarás a adquirir um ativo com potencial de valorização a longo prazo.
Tipos de dívidas comuns
É importante saberes com que tipo de dívidas estás a lidar, para definires uma estratégia adequada:
- Crédito pessoal: Empréstimos não garantidos, muitas vezes usados para financiar consumos pontuais. Costumam ter taxas de juro mais elevadas.
- Cartões de crédito: Crédito rotativo, prático a curto prazo, mas com TAEG normalmente muito altas.
- Crédito habitação: Geralmente a dívida com a taxa de juro mais baixa, mas de montante elevado e longo prazo.
- Crédito automóvel: Empréstimo associado à compra de um veículo. Pode haver reserva de propriedade.
- Hipotecas adicionais: Empréstimos adicionais garantidos por imóveis, com condições específicas e, em alguns casos, taxas atrativas, mas exigindo cautela.
Estratégias para eliminar dívidas
Reduzir dívidas exige um plano claro. Existem metodologias que te podem ajudar, dependendo da tua personalidade e objetivos.
- Método “Bola de Neve”: Neste método, organizas as dívidas pela ordem do montante, da mais pequena para a maior. Depois, concentras os teus esforços na dívida mais pequena, pagando-a o mais depressa possível, enquanto pagas o mínimo nas restantes. Ao liquidares a primeira dívida, passas para a seguinte, e assim sucessivamente. Esta abordagem dá-te pequenas vitórias iniciais, aumentando a motivação para continuares.
- Método “Avalanche”: Aqui, a prioridade é dada às dívidas pela taxa de juro, da mais elevada para a mais baixa. Assim, pagas primeiro a dívida com o juro mais alto, reduzindo o custo total ao longo do tempo. Apesar de as primeiras vitórias poderem demorar mais (se a dívida com juros mais altos for também uma das maiores), a poupança em juros será superior a longo prazo.
Exemplo prático:
Suponhamos que tens três dívidas:
No método “Bola de Neve”, “atacas” primeiro o cartão de crédito por ser a dívida menor (2.000€), depois segues para o crédito pessoal e, por último, o crédito automóvel.
Com o método “Avalanche”, começas pelo cartão de crédito (15%), depois o crédito pessoal (10%) e, por fim, o automóvel (7%). Reduzes ao máximo o pagamento de juros.
Como renegociar com bancos?
Se as tuas prestações mensais de crédito (habitação ou pessoal) estão a tornar-se pesadas, considera renegociar com a instituição financeira:
- Taxa de juro: Avalia a possibilidade de passar de uma taxa variável para uma taxa fixa, garantindo previsibilidade das prestações, ou vice-versa, se a variável se tornar mais atrativa.
- Prazo do empréstimo: Alargar o prazo pode baixar a prestação mensal, embora aumente o total de juros pagos a longo prazo.
- Comparar propostas: Solicita simulações a vários bancos. Por vezes, uma transferência de crédito (por exemplo, no crédito habitação) pode resultar em melhores condições.
- Apoio externo: Se precisares de ajuda, recorre a entidades de aconselhamento financeiro independentes que poderão orientar-te no processo de renegociação.
Outras estratégias para reduzir dívidas
Além dos métodos “Bola de Neve” e “Avalanche”, podes considerar outras abordagens:
- Consolidação de créditos: Junta várias dívidas num único empréstimo com uma taxa global mais baixa, simplificando a gestão e potencialmente reduzindo o custo.
- Vender bens supérfluos: Se tiveres objetos ou equipamentos de valor que não uses, vendê-los pode gerar liquidez imediata para amortizar dívidas.
- Reduzir despesas e canalizar a poupança para o pagamento da dívida: Relembra o trabalho feito no teu orçamento. Pequenos cortes em categorias não essenciais podem gerar poupanças mensais que, aplicadas ao pagamento da dívida, aceleram a sua liquidação.
4. Poupar dinheiro de forma eficiente
Para poupares de forma mais eficiente, deves começar por estabelecer objetivos concretos, analisar as tuas despesas, encontrar formas de cortar custos e, muito importante, compreender o poder dos juros compostos.
Definir objetivos de poupança
Antes de começares a poupar, esclarece o “porquê” de estares a fazê-lo. Define metas concretas, separadas por horizontes temporais:
Ao atribuíres valores, datas e motivos, ganharás motivação e foco para atingir cada um dos teus objetivos.
Dicas práticas para poupar
- Rever contratos de serviços: Negocia condições mais vantajosas em telecomunicações, seguros e energia. Uma chamada pode bastar para reduzires a tua fatura mensal.
- Elimina gastos desnecessários: Revê subscrições que tens ativas e cancela as que não utilizas. Considera também optar por marcas brancas, que muitas vezes têm uma qualidade semelhante a um preço mais acessível.
- Cartões com cashback: Faz as tuas compras do dia a dia enquanto recebes de volta uma percentagem do que gastas. Alguns exemplos:
- Unibanco: 4% de cashback em todas as compras, até um máximo de 20€ por mês.
- Universo: 1% de cashback em todas as compras, sem limite, convertido diretamente no cartão Continente.
- Cetelem Black: 3% de cashback em categorias populares como supermercados, restaurantes, gasolineiras, TVDEs e serviços de streaming, até 500€ mensais.
Nota: Revê as condições associadas a cada um dos cartões, estão sujeitas a alterações.
O poder dos juros compostos
Os juros compostos são os “juros sobre juros”. Ao reinvestires os rendimentos, o teu capital cresce de forma exponencial ao longo do tempo.
De forma a perceberes melhor como funcionam os juros compostos na prática, vamos a um exemplo prático:
A Ana decidiu investir 5.000€ no ano 0, num PPR (Plano Poupança Reforma) oferecido pelo Banco XYZ, com uma taxa de juro média anual de 3%. A partir do 2.º ano, começa a realizar reforços mensais de 250€, o que corresponde a um total de 3.000€ anuais.
Para poderes observar as diferenças, vamos elaborar dois cenários:
- Sem juros compostos:
- O montante acumulado considera apenas os reforços anuais de 3.000€, somados ao valor inicial de 5.000€.
- Não existe rendimento sobre o valor acumulado, pelo que o crescimento é linear.
- Com juros compostos:
- A cada ano, o valor total rende juros de 3% sobre o saldo acumulado, incluindo os reforços feitos anualmente.
- Este cenário irá refletir o reinvestimento dos juros.
No gráfico abaixo, podes ver a comparação dos dois cenários de investimento ao longo do tempo:

Impacto do tempo no crescimento
Como podes observar, o efeito dos juros compostos é evidente, tornando-se num crescimento exponencial mesmo com uma taxa de juro mais conservadora de 3% ao ano:
- Passados 10 anos, o cenário com juros compostos apresenta uma diferença de 5.196,90€ em comparação ao cenário linear.
- Passados 30 anos, o montante com juros compostos é mais de 60% superior, totalizando ~147.793€ contra 92.000€ no cenário sem juros compostos.
Este crescimento demonstra como, mesmo com uma taxa moderada, o reinvestimento dos juros pode gerar um impacto significativo no longo prazo.
Visualiza o poder dos juros compostos - faz as tuas simulações com a nossa calculadora de juros compostos.
Notas importantes a teres em conta:
- Inflação: Com uma taxa de juro moderada, o impacto da inflação é relevante, mas o crescimento contínuo dos juros compostos ainda ajuda a preservar o teu poder de compra.
- Custos de Gestão: Avaliar as comissões associadas aos instrumentos financeiros é essencial para maximizares os ganhos.
- Flexibilidade nos Resgates: Os PPRs oferecem condições específicas para resgates antecipados, como na compra de habitação própria ou reforma. Tem em conta que cada instrumento financeiro tem as suas especificidades e condições.
Podemos assumir que no cenário sem juros compostos, o crescimento do património é linear, limitado aos reforços anuais. Já no cenário com juros compostos, o efeito do reinvestimento ao longo dos anos faz com que o montante cresça de forma exponencial. Após 30 anos, o investimento com juros compostos é bastante superior ao cenário sem juros compostos. Experimenta a nossa calculadora de juros compostos.
5. Crédito à Habitação
Chegou o momento na tua vida em que queres comprar casa e recorrer a um crédito habitação. Sendo este um dos maiores investimentos que poderás fazer, é natural que te sintas um pouco sobrecarregado com a quantidade de opções, taxas e condições disponíveis no mercado. Contudo, não te preocupes, estamos aqui para ajudar-te a compreender os principais conceitos e a tomar uma decisão informada.
Conceitos importantes
Antes de avançares para a escolha do melhor crédito à habitação, é fundamental entenderes alguns termos que farão parte do teu processo de análise.
Taxas de juro no crédito à habitação: A taxa de juro é o custo que o banco cobra pelo dinheiro que te empresta. Existem três tipos principais:
- Taxa fixa: Mantém-se inalterada durante todo o prazo do empréstimo, garantindo estabilidade na prestação.
- Taxa variável: Normalmente indexada à Euribor, pode subir ou descer ao longo do tempo, alterando o valor da prestação.
- Taxa mista: Combina um período inicial de taxa fixa e, posteriormente, passa a variável.
O que é a Euribor?
A Euribor é a taxa de referência usada entre bancos na Zona Euro. No crédito habitação, é comum utilizares a Euribor a 3, 6 ou 12 meses. Isto significa que a tua prestação pode ser revista de 3 em 3 meses, de 6 em 6 meses ou anualmente, conforme o prazo da Euribor escolhida. Uma Euribor mais longa (12 meses) pode garantir maior previsibilidade até à próxima revisão, enquanto uma Euribor mais curta (3 meses) ajusta mais rapidamente as variações no mercado.
MTIC, Spread, TAEG, TAN:
- MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor): Representa a soma de todos os valores que irás pagar ao longo do empréstimo - capital, juros, comissões, impostos e seguros. Por exemplo, se pedires 100.000€ emprestados, após todos os pagamentos (durante 30 anos) podes ter pago um total de 180.000€. Esse valor global (180.000€) é o teu MTIC, mostrando-te o peso financeiro total do crédito.
- Spread: É a margem de lucro do banco. Adiciona-se à Euribor para formar a taxa aplicada ao crédito variável. Um spread mais baixo significa, em teoria, um custo menor do empréstimo.
- TAN (Taxa Anual Nominal): É a taxa base (Euribor + Spread) antes de adicionares outros custos.
- TAEG (Taxa Anual Efetiva Global): Inclui não só juros, mas também comissões, seguros e impostos. É a taxa mais completa para comparar propostas, pois reflete o custo anual efetivo do crédito. Por exemplo, se num crédito habitação a TAN fosse 2,2%, mas após adicionares comissões e seguros a TAEG subisse para 3%, isso significa que o custo real anual do empréstimo é mais elevado do que a taxa base (TAN). É, por isso, uma boa medida para comparares o custo total do crédito entre diferentes propostas.
Gastos e comissões
Ao contratares um crédito à habitação, não olhes apenas para a taxa de juro. Existem também diversas comissões e custos associados à compra da casa e ao próprio crédito:
- Comissão de abertura e de análise de processo (dossier): Valor cobrado pelo banco para tratar do teu pedido.
- Comissão de avaliação: Pago ao banco para avaliar o imóvel e determinar o valor máximo que está disposto a financiar.
- Comissões de amortização antecipada: Se pretenderes amortizar parte do crédito antes do prazo, poderás ter de pagar uma comissão.
- Imposto de selo: Aplica-se ao montante do crédito e aos juros, aumentando o custo total.
- Outros custos: Escrituras, Imposto Municipal sobre Transmissões (IMT), despesas notariais, entre outros inerentes à compra de casa.
Condições do crédito em Portugal
Em Portugal, o prazo máximo do crédito habitação pode ir até 40 anos, mas as instituições bancárias impõem limites com base na tua idade. Regra geral, a idade máxima permitida no final do contrato é de 75 anos. Isto significa que, se contratares o crédito aos 35 anos, poderás beneficiar do prazo máximo de 40 anos. No entanto, se tiveres 50 anos, o prazo será mais curto para garantir que a última prestação seja paga antes dos 75 anos.
Como escolher o melhor crédito à habitação?
Agora que já conheces os conceitos-chave, vamos ver os principais pontos a considerar:
- Taxa fixa, variável ou mista?
Se valorizas estabilidade e a certeza de quanto vais pagar mensalmente, a taxa fixa pode ser a melhor opção. Contudo, se preferes beneficiar de eventuais descidas nas taxas de juro e estás disposto a aceitar o risco de eventuais subidas, uma taxa variável pode compensar. A taxa mista pode ser um meio-termo, oferecendo segurança inicial e adaptando-se mais tarde às condições do mercado. Finalmente, as comissões de amortização antecipada costumam ser mais baixas no caso de taxa variável, pelo que pode ser vantajoso considerar a taxa variável caso consideres amortizar antecipadamente o teu crédito. - Capacidade de pagar o empréstimo:
Analisa bem o teu orçamento e a tua taxa de esforço (rácio entre encargos financeiros e rendimentos). Não contraias um empréstimo maior do que podes pagar confortavelmente. - Aquisição de produtos financeiros adicionais:
Muitas instituições condicionam o spread a certas condições, como por exemplo: domiciliar o ordenado no banco, subscrever cartões de crédito, seguros multirriscos- habitação, seguros de vida associados ao crédito e domiciliar pagamentos de serviços.
Informa-te sobre o impacto destes produtos no custo global do crédito, pois se vieres a desistir deles a meio do contrato, o spread pode subir. - Não olhar apenas para o spread:
Embora o spread seja importante, lembra-te da TAEG e o MTIC, que refletem o custo global do empréstimo. Também deves avaliar outras variáveis, como comissões, impostos, seguros, taxas e indexantes (Euribor). - Ter em consideração o prazo do crédito:
Um prazo mais curto implica prestações mensais mais elevadas, mas pagarás menos juros no total. Um prazo mais longo reduz a prestação mensal, mas aumenta o total de juros pagos ao longo dos anos. Equilibra as tuas necessidades atuais (prestação comportável) com o custo total do crédito a longo prazo. - Qual a finalidade do teu crédito?
O crédito à habitação pode ter várias finalidades:- Aquisição: Comprar casa pronta a habitar.
- Transferência de crédito: Mudar o crédito de um banco para outro, geralmente para obter melhores condições.
- Construção: Financiamento da construção de raiz do imóvel.
- Crédito com garantia hipotecária: Usar um imóvel como garantia para obter liquidez, por exemplo para obras ou outros investimentos.
Lembra-te: o crédito habitação é um compromisso de longo prazo, e vale a pena investir algum tempo a pesquisar, comparar e negociar antes de assinares o contrato.
6. Investimentos para Iniciantes
Depois de estruturares o teu orçamento, criares um fundo de emergência e trabalhares na redução das dívidas, poderás começar a olhar para o investimento como uma forma de fazer o teu dinheiro crescer a longo prazo. Investir não é apenas para os “ricos” ou “especialistas em finanças”: hoje, com mais informação e ferramentas acessíveis, qualquer pessoa pode aprender a investir.
Porquê investir?
A inflação reduz o poder de compra ao longo do tempo.
Em média, a inflação tem sido de cerca de 2% ao ano desde 1999. Isto corresponde à inflação-alvo do Banco Central Europeu e traduz-se numa perda de poder de compra contínua.

Ao investires, proteges o teu capital e aumentas as probabilidades de obter um retorno superior ao dos simples depósitos a prazo. A médio e longo prazo, o investimento pode ajudar-te a alcançar objetivos importantes, como a independência financeira, a compra de uma casa, o financiamento da educação dos teus filhos, ou mesmo a antecipar a reforma.
Num estudo realizado pela Comissão Europeia, estimou-se que a pensão para reformados em 2050 poderá ser de apenas 38,5% do seu último ordenado, mostrando novamente a necessidade da criação de um complemento à reforma.
Risco, Retorno e Diversificação
Todos os investimentos envolvem algum grau de risco. Produtos mais arriscados podem oferecer retornos mais elevados, mas também apresentam maior probabilidade de perdas. O “segredo” está em encontrar o equilíbrio adequado ao teu perfil de investidor e horizonte temporal.
- Perfis de Risco: Cada pessoa tem um perfil de risco diferente, consoante a sua tolerância a perdas e o seu horizonte temporal. Eis alguns perfis típicos:
- Conservador: Prefere estabilidade e baixa volatilidade. Investimentos como depósitos a prazo, obrigações de curto prazo ou fundos de mercado monetário.
- Moderado: Procura um equilíbrio entre segurança e potencial de retorno. Analisa combinação de obrigações e ações.
- Agressivo: Tolera maior volatilidade em troca de retornos potencialmente superiores. Maior exposição a ações, setores em crescimento e mercados emergentes.
- Diversificação: Espalha o teu capital por diferentes classes de ativos (ações, obrigações, imobiliário, etc.), setores e geografias. Ao diversificares, reduzes o impacto de uma eventual queda num único ativo, tornando a tua carteira mais resiliente. A diversificação é capaz de manter o mesmo retorno esperado de uma carteira, reduzindo o risco da mesma.
- Exemplo: Na crise de 2008, quem tinha todo o dinheiro apenas em ações perdeu mais do que quem tinha parte em obrigações, ETFs globais e imobiliário. Diversificar é espalhar o risco.
- Horizonte Temporal: O tempo é um aliado poderoso. A longo prazo, os mercados tendem a valorizar, e a volatilidade de curto prazo torna-se menos relevante.
- Curto prazo (<3 anos): Depósitos a prazo, contas poupança.
- Médio prazo (3-10 anos): Mistura de obrigações e algumas ações.
- Longo prazo (>10 anos): Maior exposição a ações, aproveitando o crescimento económico global.
Tabela: Exemplo de Estratégia por Horizonte Temporal
Exemplo prático (Impacto do investimento a longo prazo):
Investir 100€ mensais num ETF global durante 20 anos pode resultar num montante muito superior aos 24.000€ que terias guardado o dinheiro sem juros. Uma rentabilidade média de 6-8%/ano (exemplo indicativo) pode levar a algo como 40.000€ ou mais. Sem garantias, mas historicamente os mercados globais tendem a crescer a longo prazo.
Onde posso investir?
Existem inúmeros produtos de investimento, cada um com características, riscos e potencial de retorno diferentes. Eis alguns dos mais comuns:
- Ações: Participações no capital de empresas. Podem gerar retornos muito elevados, mas também têm maior volatilidade. Exigem análise e alguma predisposição para suportar oscilações.
- Obrigações: Empréstimos a governos ou empresas. Menos arriscadas do que as ações, oferecem rendimentos mais estáveis, embora geralmente mais baixos. São adequadas para equilibrar o risco da tua carteira.
- ETFs (Exchange Traded Funds): São fundos negociados em bolsa que replicam um índice ou estratégia de investimento, oferecendo uma forma prática de diversificar a tua carteira. Através destes fundos podes estar exposto a uma ampla variedade de ativos, como ações, obrigações, matérias-primas ou até setores específicos da economia. Com custos geralmente baixos e gestão simplificada, os ETFs são uma solução ideal para investidores iniciantes. Por exemplo, podes investir num ETF que abranja ações globais, obrigações europeias ou mesmo matérias-primas, dependendo dos teus objetivos e perfil de risco.
- PPR (Planos Poupança Reforma): Produtos desenhados para a reforma, com benefícios fiscais, o que pode ser interessante no contexto português. Exigem um compromisso mais prolongado e têm condições de resgate específicas.
- Depósitos a Prazo: Uma opção com capital garantido (até 100.000€ pelo Fundo de Garantia de Depósitos), rendimentos mais baixos e sem volatilidade. Podem ser úteis para objetivos de curto/médio prazo ou para a parte mais conservadora da tua carteira.
- Imobiliário: Investir em imóveis (compra para arrendamento, ou fundos imobiliários) pode oferecer rendas regulares e potencial de valorização. Contudo, exige geralmente um capital inicial maior e envolve custos de manutenção e gestão.
Comparação entre instrumentos:
Rentabilidade histórica de diferentes ativos financeiros
É essencial teres em conta os retornos históricos de cada classe de ativos, mas não te esqueças: resultados passados não garantem resultados futuros. Mesmo assim, podem dar-te uma perspetiva valiosa sobre o que podes esperar em termos de potencial de ganhos e riscos associados.
Podes realizar simulações da rentabilidade histórica de diferentes instrumentos financeiros através de ferramentas de backtesting como a Curvo e o Portfolio Analyser (desenvolvido por nós). Nota que os dados aqui apresentados podem não estar 100% corretos - se tiveres feedback, por favor, entra em contacto connosco.
Ações e obrigações
Segundo um estudo publicado no Credit Suisse Global Investment Returns Yearbook, ao analisarmos os retornos reais (descontando a inflação) de vários ativos ao longo de 122 anos, chegamos aos seguintes valores médios anuais:
- Ações: 5,3%
- Obrigações: 2%
No entanto, lembra-te de que existe uma relação entre risco e retorno. Ou seja, as ações apresentam maior risco (volatilidade) comparado com as obrigações.
Ouro
Desde 1978 até janeiro de 2025, o ouro registou uma rentabilidade anual média aproximada de 6,13%. No entanto, este valor foi:
- pouco mais de metade do retorno anual das ações mundiais no mesmo período, e
- insuficiente para cobrir a inflação média em Portugal, que foi de 7% ao ano no mesmo período.
Ou seja, se optasses por manter um investimento em ouro nesse intervalo de tempo, provavelmente terias visto o teu poder de compra diminuir.
ETFs (Exchanged Traded Funds)
Os ETFs são fundos cotados em bolsa que replicam o desempenho de um índice, setor ou região. Por exemplo, se quiseres acompanhar o desempenho do mercado norte-americano, podes investir num ETF que siga o S&P 500, o principal índice dos EUA, composto por 500 das maiores empresas cotadas.
S&P 500
Historicamente, este índice tem registado um crescimento sólido. Desde 1988 e até final de 2024, o S&P 500 valorizou, em média, 11.53% ao ano (em euros e incluindo dividendos), superando largamente a taxa de inflação anual média em Portugal de 3,63% para o mesmo período.
Na tabela seguinte, vês o retorno anualizado do S&P 500 em euros para vários períodos:
Fonte: finance.yahoo.com; investing.com; ecb.europa.eu; koyfin.com
FTSE 100 (Reino Unido)
Já na Europa, se olhares para o FTSE 100, o principal índice do Reino Unido, apresentou um retorno anual médio de aproximadamente 3,14% desde 2000, ligeiramente superior à inflação média em Portugal (nos 2,13% no mesmo período).
Índice de Portugal (antes PSI20 - agora PSI)
Em Portugal, o principal índice – PSI – tem mostrado um desempenho aproximado anual de mais de 4% desde 1992 (contabilizando dividendos - retorno aproximado), superior à inflação média em Portugal (nos 2,67% no mesmo período).
PPRs e Certificados de Aforro
Os PPRs surgem frequentemente como uma solução de longo prazo para quem quer poupar para a reforma e, como qualquer produto, apresentam pontos positivos e negativos a considerar.
São estruturas de investimento que oferecem vantagens fiscais consideráveis no momento de investimento (deduções à coleta até 400€ com um investimento de 2.000€ por ano) como no momento de resgate dos mesmos (Até 8% de taxa sobre as mais valias).
No entanto, alguns profissionais, como David Almas, escritor do Boletim Tlim (newsletter privada acessível por convite), desaconselham a subscrição de PPRs por considerarem que existem opções melhores no mercado, seja em termos de risco-retorno ou de custos de gestão e já tendo em conta os benefícios fiscais à entrada e saída.
De acordo com um estudo de David Almas que analisou 613 PPRs entre 1989 e 2009, a rentabilidade real (acima da inflação) foi de 1,54% ao ano.
No mesmo período, os Certificados de Aforro, com risco praticamente nulo (garantidos pelo Estado), apresentaram uma rentabilidade real de 1,82%.
Ou seja, apesar de os PPRs envolverem um risco superior aos Certificados de Aforro, não obtiveram um retorno proporcionalmente mais elevado.
Investir num PPR tanto pode ser "bom" como "mau". Muitas vezes acaba por ser a melhor opção, sobretudo se comparares com a opção de não investir ou de tentar fazê-lo sozinho sem qualquer conhecimento e acabar por cometer erros graves (por exemplo, escolher uma corretora insegura, fazer investimentos errados e sem estratégia, etc.).
Criptomoedas
Nos últimos anos, as criptomoedas, como a Bitcoin, ganharam destaque pela sua valorização acelerada. Muitos investidores alocam parte substancial das suas poupanças nestes ativos, atraídos pelo potencial de rentabilidade elevadíssima em períodos curtos. Contudo, é fundamental teres em conta que:
- É um mercado recente, com pouco histórico para análise.
- Apresenta uma volatilidade muito elevada e, portanto, um risco também elevado.
- A regulação ainda é limitada, o que aumenta a incerteza.
Por isso, se estiveres a pensar em investir em criptomoedas, faz uma análise cuidada e pondera sempre a diversificação, evitando concentrares grande parte das tuas poupanças neste tipo de ativo.
Custos nos diferentes investimentos
Os custos variam conforme a instituição e o produto, mas aqui tens valores típicos encontrados no mercado português e europeu:
- Ações/ETFs (Corretoras Online):
- Corretagem: Por exemplo, a DEGIRO cobra cerca de 2€ por transação em certos mercados, a XTB oferece 0% corretagem em ações/ETFs europeias até um certo limite, a Interactive Brokers cobra cerca de 1.25€ por ação em mercados principais.
- Spread: Pequeno custo “oculto” entre preço de compra e venda.
- Fundos de Investimento/PPR:
- Comissão de Gestão: Tipicamente entre 0,5% a 2% ao ano. Por exemplo, um fundo ativo nacional pode cobrar 1,5% a 2%/ano.
- Comissão de Subscrição/Resgate: Fundos indexados ou PPR podem cobrar até 1% na entrada ou saída.
- ETFs:
- TER (Total Expense Ratio): Normalmente entre 0,05% a 0,3% ao ano para ETFs globais baratos. Por exemplo, o IWDA ou VWCE podem ter TER ~0,20%/ano, muito mais baixo que a maioria dos fundos ativos.
- TER (Total Expense Ratio): Normalmente entre 0,05% a 0,3% ao ano para ETFs globais baratos. Por exemplo, o IWDA ou VWCE podem ter TER ~0,20%/ano, muito mais baixo que a maioria dos fundos ativos.
- Depósitos a Prazo:
- Geralmente sem custos diretos. É só o valor que lá metes, mas o juro é baixo.
- Geralmente sem custos diretos. É só o valor que lá metes, mas o juro é baixo.
- Imobiliário:
- Impostos (IMT, Imposto de Selo): Por exemplo, na compra de uma casa de 200.000€, podes pagar vários milhares de euros em impostos (p. ex. IMT de cerca de 1.800€ ou mais, dependendo de isenções e escalões).
- Custos de manutenção, condomínio, reparações.
- Honorários de mediação imobiliária (geralmente 5%+IVA sobre o valor da casa, se venderes).
Tabela: Exemplos de Custos (valores aproximados)
(Valores aproximados e sujeitos a alterações conforme a instituição.)
Sempre que investires, verifica o preçário da corretora, as comissões do fundo ou PPR, e outros custos que podem impactar a rentabilidade a longo prazo.
Como começar a investir com pouco dinheiro?
Começar não requer grandes fortunas. Podes iniciar com quantias modestas e ir aumentando à medida que ganhas confiança e conhecimentos:
- Corretoras online: Trading 212, Trade Republic, Interactive Brokers, eToro, DEGIRO, XTB, Banco Best, ActivoBank - muitas oferecem comissões reduzidas ou mesmo zero em certas condições.
- Fundos de investimento acessíveis: Alguns fundos aceitam investimentos a partir de 100€.
- Robo-advisors: inbestMe, Indexa Capital, Birdee, Openbank Wealth e outros serviços que constroem carteiras diversificadas de acordo com o teu perfil de risco.
Exemplo prático (Passo a passo para o FIRE com um ETF):
- Define o objetivo: Queres alcançar a independência financeira e, talvez, reformar-te mais cedo (FIRE - “Financial Independence, Retire Early”), por exemplo, aos 50 anos.
- Decide o montante mensal: Começa com 100€ mensais.
- Abre conta numa corretora: Por exemplo, na DEGIRO, XTB ou Interactive Brokers.
- Escolhe o instrumento financeiro inicial: Para um investimento global a longo prazo, podes considerar um ETF de acumulação (que reinveste os dividendos), por exemplo:
- VWCE (Vanguard FTSE All-World UCITS ETF): Segue o índice FTSE All-World, dando exposição a milhares de empresas de países desenvolvidos e emergentes.
- IWDA (iShares Core MSCI World UCITS ETF): Segue o índice MSCI World, focado em países desenvolvidos, com cerca de 1.400 empresas globais.
- VUAA (Vanguard S&P 500 UCITS ETF): Segue o índice S&P 500, composto pelas 500 maiores empresas dos EUA.
- V60A (Vanguard LifeStrategy 60% Equity UCITS ETF): Combina cerca de 60% de ações e 40% de obrigações, investindo em fundos que replicam índices globais de ações e obrigações.
- Mantém a disciplina: Faz reforços mensais regulares, independentemente do sentimento do mercado, acreditando na valorização a longo prazo.
- Revê periodicamente a estratégia: Uma ou duas vezes por ano, avalia o teu portefólio e ajusta se necessário.
Ter várias opções pode parecer excessivo, mas podes começar apenas com uma para simplificar (por ex: IWDA ou VWCE), garantindo assim diversificação global. Se preferes maior exposição aos EUA, o VUAA é uma boa escolha. Se procuras um perfil ainda mais equilibrado entre ações e obrigações, o V60A (Vanguard LifeStrategy) é uma alternativa interessante. O mais importante é manteres as coisas simples no início.
7. Como melhorar a educação financeira
A literacia financeira não surge do nada; constrói-se dia após dia, à medida que ganhas mais conhecimento e experiência. Ao dedicares algum tempo a ler, ouvir, ver e participar em formações, tornar-te-ás mais confiante e seguro nas tuas decisões.
Explora os recursos que reunimos sobre cada tema:
- Livros recomendados
- Cursos e formações
- Podcasts de literacia financeira
- Newsletters aconselhadas
- Fóruns e comunidades online
- Canais de YouTube recomendados
- Eventos de literacia financeira
Mantém-te atualizado - O mundo não pára
A economia e os mercados estão sempre em movimento. Para aproveitares as melhores oportunidades e evitares surpresas desagradáveis, é importante estares a par do que acontece.
- Ler notícias económicas: Acompanha o Jornal de Negócios, ECO, Expresso, entre outros, para perceberes o contexto em que tomas decisões de poupança e investimento.
- Consultar fontes oficiais: O Banco de Portugal, a CMVM e a ASF divulgam relatórios, estatísticas e alertas, ajudando-te a evitar produtos duvidosos.
- Usar simuladores e ferramentas: Experimenta simuladores de crédito, juros compostos, FIRE, depósitos, pensões ou investimentos, fornecidos por bancos, corretoras ou plataformas independentes, para entenderes o impacto das tuas escolhas.
- Seguir especialistas nas redes sociais: Economistas, consultores e investidores partilham insights e dicas, mantendo-te atualizado sem grande esforço
8. Os 10 mandamentos da literacia financeira
- As melhores decisões financeiras nascem do conhecimento. Conhecimento é poder. Quanto mais souberes sobre finanças, melhores serão as tuas decisões financeiras.
- Devagar e constante ganha a corrida. "Os juros compostos são a oitava maravilha do mundo. Aquele que entende, ganha; aquele que não entende, paga." — Albert Einstein.
- Não existem almoços grátis. Desconfia de promessas de retornos elevados sem riscos. Se algo parece bom demais para ser verdade, provavelmente é.
- O jogo é inimigo do sucesso financeiro. Evita o jogo, as apostas, ou outros zero-sum-games, como estratégia financeira. Estas estratégias não têm sustentabilidade de longo prazo.
- Evita dívidas desnecessárias. Usa o crédito de forma responsável. Dívidas com juros altos podem comprometer a tua saúde financeira.
- Não coloques todos os ovos na mesma cesta. Diversifica os teus ativos para minimizar riscos. Distribuir o teu património por diferentes ativos protege-o contra flutuações inesperadas no mercado.
- Retornos passados não garantem resultados futuros. Mesmo que um investimento tenha tido um bom desempenho anteriormente, isso não assegura que continuará igual no futuro. Não baseies as tuas decisões apenas no histórico.
- Mostra-me o incentivo, e eu mostrar-te-ei o resultado. As pessoas e instituições agem de acordo com os seus incentivos. Compreender quais são os incentivos em jogo ajuda a prever comportamentos e resultados financeiros.
- Poupar sem investir é ver o dinheiro desaparecer. Guardar dinheiro sem o investir é permitir que a inflação o desgaste. Investe para combater a perda de poder de compra e aumenta as tuas poupanças.
- Não compares investimentos apenas pela rentabilidade. É importante perceber a relação entre risco e retorno. Investimentos que prometem retornos muito elevados geralmente envolvem maiores riscos.
9. Conclusão
Gerir as tuas finanças não precisa de ser um desafio intimidante.
Não importa se o teu salário é baixo ou se contraíste muita dívida: é sempre possível retomar o controlo das tuas finanças e começar a construir um património. Pequenas mudanças, como ajustar o teu orçamento, reduzir custos supérfluos e poupar uma quantia mensal, podem fazer toda a diferença a longo prazo.
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