Os melhores ETFs acumulativos: Como escolher e porquê investir?

Provavelmente, já ouviste falar da maravilha dos juros compostos e já tens a noção do impacto que os juros de juros têm no longo prazo, apesar de no início da tua jornada de investimentos mal sentires esse efeito.
Neste artigo, vamos explicar-te o que são ETFs acumulativos, a sua importância para um investimento a longo prazo, a diferença face aos distributivos, a sua fiscalidade, entre outros!
O que é um ETF?
Suspeito que para quem esteja a ler este artigo, esta possa parecer uma pergunta básica, mas muitos investidores confundem o veículo de investimento (o ETF) com aquilo que está dentro do mesmo. Vamos por partes: um ETF é um produto financeiro que é negociado em Bolsa como se fosse uma ação e cujo objetivo é replicar o comportamento de um índice de referência.
Por exemplo, um ETF que segue o S&P 500 será composto por ações de empresas deste índice (aquilo a que se chama de “ativos subjacentes”). Contudo, um ETF pode conter outras classes de ativos para além das ações, como, por exemplo, obrigações, imobiliário, matérias-primas e investimentos alternativos. O que quero dizer com isto é que ETF não é sinónimo de investimento em ações, como muitas vezes é erradamente mencionado por alguns investidores.
Uma vez que podem existir muitos ativos subjacentes dentro de um único produto (uma mistura de classes de ativos ou foco numa única classe de ativos), os ETFs permitem-te diversificar facilmente a tua carteira a um custo reduzido.
O que é então um ETF acumulativo?
Um ETF acumulativo é uma variante de um ETF que reinveste automaticamente os dividendos, juros ou outros rendimentos recebidos pelos ativos subjacentes. Não recebes esses rendimentos na conta da tua corretora, ou seja, fica acumulado dentro do próprio ETF, o que faz aumentar o valor do mesmo.
Para percebermos melhor esta dinâmica, nada melhor que uma representação gráfica. Em baixo, comparamos duas versões do mesmo ETF: o iShares Core S&P 500 UCITS ETF USD que, como o nome já indica, replica o comportamento do índice de ações americano S&P 500. Ora, aqui estão as duas versões:
- O SXR8 representa a versão de acumulação;
- O IUSA representa a versão de distribuição.

Como vês, o SXR8 vai-se afastando gradualmente do IUSA devido ao efeito de acumulação. Se observássemos o retorno total (ao invés do retorno de preço), que incluí os dividendos, juros ou outros rendimentos recebidos, os gráficos estariam alinhados (pressupondo que os rendimentos seriam reinvestidos na totalidade - não considerando impostos ou outros custos).
Contudo, em Portugal, é fiscalmente ineficiente investir em ETFs de distribuição. Vamos imaginar uma distribuição de 10€ em dividendos. Este valor estaria sujeito a uma taxa de imposto de 28%, ou seja, o teu rendimento líquido seria de 7,20€. Este seria o montante que poderias reinvestir. Já num ETF de acumulação, esses mesmo 10€ não são tributados.
Ao contrário dos ETFs distributivos, que pagam os rendimentos diretamente para ti (ficando logo sujeito a pagamento de imposto), os acumulativos usam esses rendimentos para comprar mais ações no próprio ETF, adiando a tributação para o momento da venda (caso existam ganhos realizáveis).
Como escolher os melhores ETFs acumulativos?
Dados os pontos mencionados anteriormente relativamente às classes de ativos, não podemos afirmar que, por exemplo, um ETF de ações seja melhor ou pior do que um ETF de obrigações. Cada um tem as suas características, tais como o nível de risco e os ativos subjacentes.
Mesmo assim, existem atributos que estão associados a todos os ETFs e que devem ser aqui referidos:
Custo anual
O custo anual de gerir o ETF, também conhecido como o Total Expense Ratio (TER), é um dos fatores mais importantes na escolha de qualquer ETF. Por norma, opta por ETFs com um TER abaixo de 0,20%. Acima deste valor, já poderá ser considerado “caro”. Por exemplo, se investires 10.000€, uma taxa de 0,20% significa que pagas apenas 20€ por ano.
Ativos sob gestão
O valor total investido por todos os investidores num ETF é chamado de “ativos sob gestão”. Por norma, deves evitar ETFs que tenham menos de 100 milhões de euros sob gestão pois aumenta o risco desse mesmo ETF fechar por não compensar mantê-lo ativo à sociedade gestora.
Porém, se estiveres investido num ETF que decide encerrar, aquilo que acontece é que os ativos dentro do mesmo são vendidos e o capital resultante da venda é distribuído pelos investidores, ou seja, não perdes o teu dinheiro.
Idade e performance do ETF
Quanto maior é o tempo de existência de um ETF, maior será a confiança quanto à sua capacidade de cumprir a sua política de investimento: replicar o comportamento de determinado índice.
Idealmente, a relação de um índice para um ETF seria de “1 para 1”, mas fatores como custos de transação, salários da equipa gestora, impostos, taxas regulatórias, entre outros, impedem essa replicação perfeita.
A diferença entre o retorno efetivo de um ETF e o retorno de um índice é chamada de diferença de rastreio (ou, em inglês, “tracking difference”). Quanta menor for esta diferença, melhor.
Método de replicação
De que forma é que o ETF obtém uma performance semelhante ao índice que pretende replicar? Existem duas formas de ganhar esta exposição, nomeadamente:
- Física: o ETF detém os mesmos títulos que o índice, nas mesmas proporções, para proporcionar um desempenho o mais próximo possível do mesmo. Também existe a versão “simplificada”, ou seja, em vez de comprar todos os ativos do índice, apenas compra uma amostra representativa do índice (permite reduzir os custos).
- Sintética: A performance do índice é replicada através de swaps (Derivados financeiros). Os swaps são normalmente fornecidos por instituições como bancos de investimento com a “promessa” de dar o mesmo retorno do índice. Aqui, existe risco de contra-parte e, na nossa opinião, adiciona um risco não devidamente recompensado.
Quais os melhores ETFs de acumulação?
Tal como referido anteriormente, não existem “melhores”, mas podemos deixar alguns exemplos dentro de algumas classes de ativos:
- Ações:
- SPDR MSCI World UCITS ETF (ETF de ações global) => ISIN: IE00BFY0GT14
- iShares Core MSCI World UCITS ETF USD (Acc) (ETF de ações global) => ISIN: IE00B4L5Y983
- iShares Core S&P 500 UCITS ETF USD (Acc) (ETF que replica o S&P 500) => ISIN: IE00B5BMR087
- Obrigações:
- iShares Core Global Aggregate Bond UCITS ETF EUR Hedged (ETF de obrigações globais) => ISIN: IE00BDBRDM35
- iShares Core EUR Corporate Bond UCITS ETF (Acc) (ETF de obrigações de empresas em Euros)=> ISIN: IE00BF11F565
- Xtrackers II Eurozone Government Bond UCITS ETF 1C (ETF de obrigações soberanas da Zona Euro) => ISIN: LU0290355717
- Fundos mistos (Ações + Obrigações):
- Vanguard LifeStrategy 20% Equity UCITS ETF (EUR) Accumulating (20% ações, 80% obrigações) => ISIN: IE00BMVB5K07
- Vanguard LifeStrategy 40% Equity UCITS ETF (EUR) Accumulating (40% ações, 60% obrigações) => ISIN: IE00BMVB5M21
- Vanguard LifeStrategy 60% Equity UCITS ETF (EUR) Accumulating (60% ações, 40% obrigações) => ISIN: IE00BMVB5P51
- Vanguard LifeStrategy 80% Equity UCITS ETF (EUR) Accumulating (80% ações, 20% obrigações) => ISIN: IE00BMVB5R75
- Ouro:
- iShares Physical Gold ETC (ETF de exposição ao ouro)=> ISIN: IE00B4ND3602.
Independentemente da tua seleção de um destes ETFs ou outros, tem presente a importância da diversificação da carteira. A diversificação depende da relação existente entre os ativos. Será que se investires em ações de 5 bancos estás diversificado? Provavelmente, não, visto serem empresas do mesmo setor e estarem sujeitas aos mesmos riscos.
Se quiseres mais informação acerca da diversificação, deixo este vídeo, produzido por mim, para explorares:
Onde e como comprar esses ETFs?
Nós já escrevemos um artigo 100% dedicado às melhores corretoras em Portugal. Algumas das opções incluem a XTB (tem sucursal em Portugal), a DEGIRO e a Trade Republic. Por isso, recomendamos que as explores!
Respondendo à questão do “como comprar esses ETFs”, vamos deixar um exemplo passo-a-passo recorrendo à XTB e vamos simular a compra do iShares Core S&P 500 UCITS ETF USD (Acc). Depois de abrires conta, estes são os passos para o comprar:
1º passo: Procurar pelo ETF
Existem várias formas de o fazer: pelo nome, ISIN ou ticker. Como acima, destacamos o ISIN, vamos seguir o mesmo caminho. Ora, o ISIN a procurar será o “IE00B5BMR087”. Como vês, no canto superior esquerdo, aparecem duas opções: um com o ticker CSPX e o outro com o ticker SXR8. Vamos selecionar o “SXR8” por estar cotado em euros:

2ºpasso: Carregar em “BUY” (Comprar)
Após a seleção do SXR8, vai aparecer uma janela na parte debaixo onde, de forma bem visível, aparece o botão “BUY” (comprar). No meio da janela, vês um “1” que corresponde ao número de unidades que queres comprar. Contudo, não necessitas de comprar, no mínimo, uma unidade. Podes comprar, por exemplo, 0,30 unidades, aquilo a que se chama de ações fracionadas.

3ºpasso: concluir a transação
Por fim, aparece-te uma janela no meio do ecrã para reveres todos os valores, como os custos de transação que, neste caso, não existem. Depois, é só clicar “Confirm”:

Conclusão
Com o benefício da acumulação automática dos rendimentos e uma eficiência fiscal superior, os ETFs de acumulação são ideais para quem pretende maximizar o crescimento do capital de forma simples.
Ao longo deste artigo, explorámos os principais critérios para escolher os melhores ETFs acumulativos, incluindo custos reduzidos, diversificação, ativos sob gestão e eficiência fiscal. Destacámos ainda exemplos práticos de ETFs adequados a diferentes classes de ativos e objetivos financeiros, bem como passos simples para começar a investir em plataformas acessíveis.
O “segredo” com ETFs acumulativos está em manter uma abordagem disciplinada e focada no longo prazo. Lembra-te: investir não precisa de ser complicado. Com a informação certa e ferramentas acessíveis, qualquer pessoa pode começar a construir o seu futuro financeiro.
