Como investir no S&P 500 desde Portugal (passo a passo)

É provável que, por esta altura, já tenhas ouvido falar do índice S&P 500. Tal como o nome indica, é uma forma de obter exposição a 500 das maiores empresas (não as 500 maiores empresas) dos Estados Unidos, promovendo a diversificação da tua carteira.
Contudo, não é possível investires diretamente no índice, ou seja, tens de encontrar um produto que o replique.
A maneira mais simples de o fazer é através de fundos negociados em bolsa, também conhecidos por ETFs, sigla para “Exchange Traded Funds” (se estás a começar a tua jornada financeira, vais ouvir muitos vezes estas 3 letras) que replicam o desempenho deste índice.
Portanto, se o S&P 500 sobe 1%, um ETF a replicá-lo deverá também subir um valor muito próximo de 1% (vários fatores, como comissões, não permitem uma replicação exata).
Neste artigo, vamos explorar os principais ETFs disponíveis, as plataformas onde os podes adquirir, um guia passo-a-passo para comprares na corretora Trading 212 e os critérios a considerar na escolha de um ETF.
Disclaimer: A nossa análise é completamente independente. Não fomos remunerados por nenhuma das entidades aqui mencionadas.
O que é o índice S&P 500?
O S&P 500 (Standard & Poor's 500) é um dos índices mais conhecidos do mundo financeiro e representa 80% da capitalização de mercado total das bolsas americanas. É considerado um indicador do desempenho da economia dos EUA, porque reflete o comportamento das maiores e mais influentes empresas americanas.
Incluí empresas de vários setores, como tecnologia, saúde, finanças, energia, entre outros. Exemplos de empresas conhecidas no índice são a Apple, Microsoft e Coca-Cola.
Em suma, o S&P 500 é um dos índices mais importantes e amplamente seguidos, porque dá uma ideia geral de como está a "saúde" das maiores empresas dos EUA, tendo impacto não só no país mas também nos mercados globais.
Principais ETFs do S&P 500
Se fores ao justETF.com, vais encontrar uma grande variedade de ETFs que seguem o S&P 500, cada um com características específicas. Nas tabelas abaixo, apresentamos quatro que acreditamos serem suficientes para que possas tomar uma decisão informada (está ordenada pelos montantes sob gestão em cada um deles).
Decidimos desagregar a informação em duas tabelas para facilitar a leitura:
Informação adicional, pela mesma ordem:
Para que fique claro o que significa cada coluna, deixamos as seguintes explicações:
- Nome: Apenas diz como se chama o ETF. Por norma, vais reparar em termos como “UCITS” e “USD”.
- UCITS: É a sigla para “Undertakings for Collective Investment in Transferable Securities” (Organismos de investimento coletivo em valores mobiliários). Trata-se do enquadramento regulamentar harmonizado europeu que a União Europeia criou para facilitar a comercialização de fundos de investimento.
- USD: É o “código curto” para dólares e dá-nos a moeda base do ETF. Por outras palavras, é simplesmente a moeda em que o fundo mantém os seus registos e publica o seu valor (NAV - Net Asset Value). É como se fosse a "língua oficial" do ETF para contabilizar o valor dos seus ativos e o seu desempenho. Contudo, não impede que invistas na versão em euros.
- ISIN: Diminutivo para “International Securities Identification Number” é como se fosse o número de “cartão de cidadão” de um ETF (ou qualquer outro instrumento financeiro). É um código único composto por 12 caracteres (letras e números) que identifica o ETF em qualquer lugar do mundo.
- Ticker: É um código curto (geralmente com 3 a 5 letras ou números) usado para identificar o ETF quando vais comprá-lo numa plataforma de investimento. Cada bolsa onde o ETF está cotado pode ter um ticker diferente para o mesmo ETF.
- TER: O Total Expense Ratio (TER) é o "custo anual" de manteres o teu dinheiro num ETF. Representa a percentagem que o fundo te cobra para cobrir os seus custos (como gestão, auditorias, etc.). Exemplo: Se o TER for 0,07%, isso significa que pagas 0,07€ por cada 100€ investidos num ano.
- Uso do rendimento: Este conceito refere-se ao que o ETF faz com os dividendos das ações que possui (ou juros, no caso de ETFs de obrigações, por exemplo):
- Acumulação: O ETF reinveste os dividendos automaticamente. Isso significa que o teu investimento cresce sem receberes o dinheiro dos dividendos na tua conta.
- Impacto fiscal: Em Portugal, os dividendos acumulados não são taxados imediatamente. Só pagarás imposto quando venderes o ETF, o que pode ser vantajoso porque permite o crescimento mais rápido devido ao efeito dos juros compostos.
- Distribuição: O ETF paga os dividendos diretamente para a tua conta, normalmente com frequência trimestral ou semestral.
- Impacto fiscal: Em Portugal, os dividendos pagos são tributados a uma taxa de 28% (ou menor se optares por englobar os rendimentos na declaração de IRS, dependendo do teu escalão).
- Acumulação: O ETF reinveste os dividendos automaticamente. Isso significa que o teu investimento cresce sem receberes o dinheiro dos dividendos na tua conta.
- Método de replicação: Refere-se a como o ETF copia o desempenho do índice que segue (neste caso, o S&P 500):
- Físico: O ETF compra diretamente todas (ou a maioria) das ações do índice. É mais transparente e mais fácil de entender. Exemplo: Se o índice tem ações da Apple, Tesla e Microsoft, o ETF físico compra essas ações.
- Sintético: O ETF usa contratos financeiros (como swaps) em vez de comprar as ações diretamente. Pode ser mais barato, mas tem um pouco mais de risco (chamado risco de contraparte). Exemplo: Em vez de comprar as ações do índice, o ETF faz acordos financeiros para replicar o desempenho.
- Tamanho do fundo: É o valor total dos ativos geridos pelo ETF. É um indicador da popularidade e estabilidade do ETF. Fundos maiores têm:
- Melhor liquidez (mais fácil de comprar e vender).
- Custos mais baixos devido à escala.
- Mais eficiência e estão menos suscetíveis a serem encerrados (algo que pode acontecer com ETFs pequenos, se não forem rentáveis para a empresa que os cria - algo a ter em conta para ativos sob gestão inferiores a 100 milhões de euros).
Plataformas de Investimento que oferecem ETFs do S&P 500
Em Portugal, tens acesso a várias plataformas que permitem investir em ETFs do S&P 500, incluindo bancos tradicionais e corretoras online. Algumas das opções disponíveis são as seguintes:
Para além das comissões de transação, também podes ter outras como a comissão de custódia. À data deste artigo, o banco BiG e o Best têm comissões de custódia de 6€ (+IVA) por trimestre. Também a DEGIRO apresenta uma taxa de conectividade de 2,50€ por ano, por bolsa.
Investir no S&P 500: passo-a-passo
Após encontrares uma corretora online ou banco tradicional que se adapta às suas necessidades, estás pronto para comprar um dos ETFs que replicam o S&P 500!
Tudo o que precisas de fazer é encontrar o ETF que pretendes na plataforma da corretora que escolheste e colocar uma ordem de compra.
Neste exemplo, vamos utilizar a Trading 212, uma das corretoras acima mencionadas.
- 1º passo: Pesquisar pelo ETF desejado na barra de pesquisa da Trading 212. Vamos usar o SXR8:

Selecionas a opção que aparece que, como vês, é transacionado na “Xetra”.
- 2º passo: Carregar em “Comprar”:

- 3º passo: Selecionar o “número de ações” e clica em “Rever ordem”:

Se estiveres atento, vais reparar que o valor de um “pedaço inteiro” (chamado de uma unidade de Participação) de participação é de 610,87€. Isto é, se quiseres comprar uma unidade do ETF, esse seria o valor total do mesmo. Contudo, a Trading 212 oferece a opção de compares ETFs (e ações) fracionados. No nosso exemplo, demos uma ordem para adquirir 0,2 unidades do SXR8.
- 4º passo: Rever a ordem e clicar em “Enviar ordem de compra”

- 5º passo: Esperar a confirmação da ordem.

Já és um investidor no S&P 500!
Após realizares a compra, vais poder encontrar esse investimento na secção de “Portefólio”:

O que procurar num ETF?
Ao escolheres um ETF para investir, considera os seguintes aspetos:
- Total Expense Ratio (TER): ETFs com TER mais baixos são, por norma, preferíveis, pois reduzem os custos associados ao investimento;
- Liquidez: ETFs com maior volume de negociação diária tendem a ser mais fáceis de comprar e vender sem grandes variações de preço.
- Política de dividendos: Decide se preferes ETFs que acumulam dividendos (reinvestem-nos) ou que os distribuem periodicamente. Isto pode ter diferentes impactos fiscais, como já mencionado;
- Método de replicação: ETFs podem replicar o índice de forma física (comprando as ações do índice) ou sintética (através de derivados). Por definição, a replicação física é mais transparente.
- Moeda: Considera a moeda em que o ETF está denominado. Para investidores portugueses, devem-se utilizar ETFs cotados em euros para evitar custos cambiais.
Nota: É importante ler o Documento de Informação Fundamental (KID) de cada ETF para compreender todos os detalhes e riscos associados ao investimento.
Vídeo com mais detalhes
Se quiseres explorar mais especificidades ou curiosidades sobre o S&P 500 e o porquê de não poderes investidor no maior ETF do mundo a replicar o S&P 500 (o SPDR S&P 500 ETF Trust - Ticker: SPY), recomendo que vejas este vídeo que produzi:
Conclusão
Resumindo, aqui está o que precisas de fazer:
- Escolher um ETF que siga o S&P 500: Encontra um ETF que siga esse índice. Tanto o VUSA como o SXR8 se destacam devido às suas taxas de gestão competitivas e por estarem listados em várias bolsas de valores em diferentes moedas (isto pode ajudar a evitar potenciais custos de câmbio relacionados com o broker, permitindo comprar em euros).
- Encontrar um intermediário financeiro adequado: Escolher uma boa corretora ou banco tradicional de ETFs é essencial. Deves considerar os custos de transação e comissão de guarda de títulos (custódia), quem regula essas entidades (todas as apresentadas estão devidamente reguladas na União Europeia), entre outros fatores.
- Abrir uma conta e depositar dinheiro: Depois de decidires qual a plataforma de negociação que vais utilizar, terás de passar pelo processo de abertura de conta e efetuar o depósito de fundos.
- Enviar uma ordem de compra ao teu intermediário financeiro para o ETF escolhido: Esta é a parte mais simples (o processo é intuitivo)! Após teres a tua conta configurada e o ticker do ETF que desejas comprar, basta fazer a transação!
Esperamos que este artigo tenha esclarecido algumas das tuas dúvidas. Certifica-te que fazes a tua própria pesquisa para encontrar a melhor estratégia de investimento para ti!
